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Figuras do pós-humano
Literatura, Cinema, Banda Desenhada
Publicado jeudi, 29 de novembre de 2018
Resumo
Organizado no âmbito do Projeto Limiar Homem/Animal/Máquina, este Colóquio Internacional pretende debater as figuras do pós-humano a partir desta questão nuclear: como é que a ficção literária, fílmica e em BD configura os efeitos culturais dos avanços científicos? E isso de um modo assumidamente intermedial e interdisciplinar. Razão pela qual serão consideradas como prioritárias as comunicações capazes de focarem as figuras do pós-humano em dois (ou três) dos media em jogo – literatura, cinema, banda desenhada –, privilegiando as conexões entre eles.
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Colóquio Internacional, Figuras do pós-humano. Literatura, Cinema, Banda Desenhada, Instituto de Letras e Ciências Humanas (ILCH), Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho (CEHUM), 13-14 de junho de 2019 (auditório do ILCH)
Apresentação
Em Nous, animaux et humains, Tristan Garcia defende que a conceção do humano que subjaz ao humanismo moderno está a atravessar uma crise profunda, operada por duas tendências de sinal contrário. Por um lado, uma tendência interna que fragmenta o «nós» humano em múltiplos «nós» comunitários (etnias, religiões, raças, géneros, orientações sexuais); e, por outro, uma tendência extensiva que alarga o círculo do «nós» às outras espécies animais e até à totalidade do vivente.
Acresce o facto, não despiciendo, de ocorrer uma reformulação do humano por via do irrestrito triunfo tecno-digital. O mesmo é dizer, redefinem-se as fronteiras do humano em função de uma ressemantização do mundo a cargo da tecnologia. Neste sentido, o «nós» conecta-se, e de uma forma cada vez mais íntima e impercetível, com a tecnologia e os seus constantes (e inexoráveis, dirão alguns) devires.
Como se percebe sem custo, sobretudo se pensarmos no impressionante desenvolvimento, a título de exemplo, de realidades como a da Inteligência Artificial (IA), nunca fez tanto sentido como hoje refletir não apenas em torno da questão do humano, mas também, e decerto sobretudo, em torno do pós-humano.
Assim se compreende que nesta tendência que inclui na esfera do humano aquilo que o humanismo moderno dela excluía, não cabem apenas os outros seres vivos. Cabem também as máquinas, cada vez mais presentes na vida humana. Com elas os humanos mantêm formas várias e cada vez mais intensas de interação, de interdependência, de continuidade, de hibridação (ciborguização, biónica, robótica). O desenvolvimento exponencial das tecnologias, nomeadamente as biotecnologias, as nanotecnologias, a IA e as ciências cognitivas, contribui poderosamente para, como se disse, a redefinição e reinvenção do humano, através, por exemplo, da manipulação genética ou da digitalização das redes neuronais.
Com base nos avanços da tecnociência, cuja presença é marcante em áreas como a genética e a etologia, o pós-humanismo e correntes afins preconizam uma (trans)mutação real do ser humano capaz de ultrapassar decisivamente a sua extrema vulnerabilidade física e genética e as suas limitações cerebrais. O h+ declara a obsolescência do Homem tal como o conhecemos e proclama a aceleração da evolução através de uma reforma antropotecnológica das características da espécie que pode chegar ao abandono do corpo biológico e sua substituição pelo corpo mecânico ou pela vida virtual. O pós-humano é, pois, na senda da realidade aumentada, um humano aumentado, cuja juventude e vigor são altamente duráveis, que se (re)cria a si mesmo e à sua progenitura, que não tem doenças e se habilita à amortalidade (como diria um indefetível defensor da causa animal, Aymeric Caron, « La vie est ce qui ne veut pas mourir »), que controla as suas emoções e paixões, que tem uma capacidade acrescida para o prazer, e para a arte; enfim, um humano elevado à superior escala de excelência tecno-digital, cujos efeitos e cujo impacto ainda estão longe de serem discerníveis em toda a sua abrangência.
Tudo isto implica, como é evidente, uma drástica redefinição das fronteiras do humano no sentido da crescente perfectibilidade. E se algumas implicações dessa redefinição profunda do limiar humano afiguram-se nitidamente positivas e exaltantes (pense-se do emprego da IA ao serviço da saúde), outras não são sem suscitar ceticismo e reservas: poderá a pós-humanidade significar, em boa verdade, o fim daquilo que até aos nossos dias se considerou humano (um robot sapiens é humano) ? Por onde passa a linha ou o limiar entre perfectibilidade e monstruosidade? Ou, então, como equacionar a convivência da humanidade com formas superiores de hegemonia tecnológica? Ou, ainda, como pensar a humanização animal, levada a efeito pelos defensores da causa animal, tendo presente as manifestações crescentes de pós-humanidade baseadas não na fragilidade da vida, mas nos avanços da ciência e da tecnologia? Não será o pós-humanismo um novo antropocentrismo assente em postulados teo-tecnológicos como a invulnerabilidade e/ou a mutabilidade ilimitada da vida humana?
Organizado no âmbito do Projeto Limiar Homem/Animal/Máquina, este Colóquio Internacional pretende dar voz a algumas destas questões que podemos sintetizar nesta: como é que a ficção literária, fílmica e em BD configura os efeitos culturais dos avanços científicos? E isso de um modo assumidamente intermedial e interdisciplinar. Razão pela qual serão consideradas como prioritárias as comunicações capazes de focarem as figuras do pós-humano em dois (ou três) dos media em jogo – literatura, cinema, banda desenhada –, privilegiando as conexões entre eles.
Oradores convidados
- Pedro Moura (UAlg, ESAD-IPL, CEC-FLUL, CEHUM)
- Edwige Armand (Université de Toulouse – Jean Jaurès, Association Passerelle AST)
Submissão de propostas de comunicação
Para submeter uma proposta de comunicação, deverá enviá-la até ao dia 15 de janeiro de 2019 sob a forma de um resumo de 200-300 palavras, acompanhado de uma breve nota biobibliográfica, para o email : coloquioLCBD@gmail.com
As comunicações não ultrapassam os vinte minutos.
Os textos das comunicações serão submetidos à revisão por pares (peer review). Os que forem selecionados farão objeto de uma publicação.
Línguas de comunicação
Português, Francês, Inglês, Espanhol.
Calendário
-
15 de janeiro: data limite para enviar as propostas de comunicação (resumo de 200-300 palavras).
- 25 de janeiro: date limite para a resposta da Organização.
- 5 de fevereiro: comunicação do programa provisório.
- 31 de março: data limite para inscrição no Colóquio.
- 1 de junho: comunicação do programa definitivo.
- 13-14 de junho: Colóquio.
Comissão Científica
- André Corrêa de Sá (Un. de Santa Barbara, Califórnia)
- Anne Simon (EHESS)
- Cândido Oliveira Martins (FacFil)
- Charles Feldhaus (Un. E. Londrina)
- Dorothea Kullman (Un. Toronto)
- Eunice Ribeiro (UMinho)
- Helena Pires (UMinho)
- Iolanda Ramos (FCSH)
- Irène Langlet (Un. Limoges)
- José Almeida (FLUP)
- Miriam Ringel (Un. Bar-Illan)
- Nuno Simões Rodrigues (FLUL)
- Pedro Moura (FLUL)
- Xaquin Nuñez (UMinho)
Comissão Organizadora
- Ana Lúcia Curado
- Cristina Álvares
- Isabel Cristina Mateus
- Sérgio Sousa
URL de referência:
http://cehum.ilch.uminho.pt/
Categorias
- Representações (Categoria principal)
- Pensamento, comunicação e arte > Linguagem > Literatura
- Pensamento, comunicação e arte > Representações > Culturas visuais
Locais
- edifício 5, auditório, piso 0 - Instituto de Letras e Ciências Humanas, Universidade do Minho
Braga, Portugal (4710-052)
Datas
- mardi, 15 de janvier de 2019
Palavras-chave
- humanismo, pós-humanismo, intermedialidades
Contactos
- Cristina Alvares
courriel : calvares [at] ilch [dot] uminho [dot] pt - S Sousa
courriel :
Fonte da informação
- Cristina Alvares
courriel : calvares [at] ilch [dot] uminho [dot] pt
Para citar este anúncio
« Figuras do pós-humano », Chamada de trabalhos, Calenda, Publicado jeudi, 29 de novembre de 2018, https://calenda-formation.labocleo.org/511754